sábado, dezembro 08, 2007

Sonhos


O garoto e o cão corriam alegremente pelo quintal. Alguma brincadeira pueril, entre o varal de roupa e a mangueira que ficava lá no fundo. A mãe coloca o rosto para fora da janela e grita alto:

- Menino, vem jantar!!! Para de levantar poeira, senão vai sujar as roupas!

- Já vou mãe!!! – mas ele sabia que ia demorar mais. Ele e o cão riam juntos em travessuras imaginárias que ocorriam muito longe dali. Era impossível não pensar por alguns instantes que o cachorro estaria entendendo a brincadeira. Ficava balançando o rabo e arfando com a língua para fora. Os dois continuavam a correr enquanto uma grande lua saía de trás de algumas nuvens e iluminava palidamente o quintal de terra vermelha. – Vou jantar agora. – o menino olhava fixamente nos olhos do cachorro – Me espera pra gente brincar depois? – e o cachorro sorria com os olhos como se compreendesse que era só questão de tempo para que os dois continuassem sua excursão por lugares distantes.

Da porta da pequena casa a mãe olhava para o filho agachado conversando com o cachorro. Impaciente gritava novamente – Vamos menino! A sopa vai esfriar! Sai desse sereno! – Chateado o garoto entrava na cozinha. – E você vai pra cama, porque amanhã tem que ir pra escola!!

- Mas mãe, eu combinei de brincar com o Bob...

- Deixa de ser besta menino! O cachorro fica aí o dia todo! Vai jantar, se banhar e dormir!

- Mas mãe, ele vai ficar com raiva de mim...

- Você pare com suas gaiatices pra cima de mim! Cachorro não pensa, meu filho! Cachorro não é gente! – ela falava gesticulando. Acuado o menino jantou sem falar nada. Após tomar banho, foi silenciosamente até o quintal e chamou o cachorro para perto tentando fazer silêncio.

- Bob, a mãe não deixa a gente brincar mais hoje, mas amanhã a gente continua depois da aula tá? – falou enquanto carinhava a cabeça do cachorro branco, porém sujo de terra. Bob arfava positivamente e parecia um pouco desapontado. – agora vou dormir, se não a mãe vai brigar comigo.

Após escovar os dentes o garoto vai para cama. A mãe toma um banho após lavar a louça da janta e vai fechar a porta para o quintal. Ao dar mais uma olhada pelo varal para certificar-se de que não esqueceu nenhuma roupa ela vê o cachorro, que lhe lança um olhar cordial – Hum! Conversando com o cachorro ...ora bolas! – resmunga para o vento.

Á noite o vento provoca um frio intenso. Dentro da casa o menino dorme em sua velha cama sonhando com todos os brinquedos que sonha em um dia ter para si. Lá fora o cachorro dorme encima de um velho tapete empoeirado. Suas patas se mexem involuntariamente e seus olhos movem-se. Ele sonha com um imenso campo verde com algumas árvores onde ele e seu dono correm livres, gargalhando por terem todo o tempo do mundo para brincarem juntos. Sem paradas para o jantar. Sem resmungos. E longe daquele lugar onde tudo acaba, mais cedo ou mais tarde, tomado pela poeira.

domingo, novembro 18, 2007

Destino

- Pra onde vamos? – ela usou aquela expressão de quem não queria sair de casa.
- Não sei ao certo...estou pensando em irmos à praia...faz tempo...
- Ah, mas acho que vai chover...
- Então vamos ao campo...
- Não, já fomos na última vez....
- Que tal isso: vamos sortear!!!
- Sortear
? – Ela olhou meio insegura – mas e se for um local estranho, assim, sem nada legal para fazer?
- Tipo, aonde estamos? – Ele foi em sua direção e segurou suas mãos. – Por que não? Vamos ficar fazendo o que aqui em casa?
- Ah, eu gosto daqui... – ela se distrai com uma borboleta atravessando a sala – Se bem que ando meio entediada... – sua voz começa a sumir um pouco.
- Eu sei meu bem – ele segura seu rosto e lhe beija – nada de programas recomendados dessa vez. Eu e você num local qualquer, nos divertindo...
- Mas assim, sem planejar? Qualquer lugar?
- Hum-hum! – Sorri para ela, tentando tornar a idéia mais fantástica.
- Mas como vamos sortear? Fazemos que nem nos filmes?
- Não, olha o que eu trouxe...lembra do tabuleiro do jogo que ficamos disputando no carnaval?
- Ah, tem um mapa aí!
- Isso! Agora pegamos um dado aqui de cima e jogamos bem pro alto...
- Ok. Agora?
- Sim, agora...
– Os dois ficaram em pé de frente para o tabuleiro e fecharam os olhos - Alea Jacta Est!
- O que? O que é isso? – Disse ela segurando o dado.
- Ah, é uma frase que eu ouvi por aí...
- Quer dizer o quê?
- Bem...olha, eu te explico no caminho... pode ser?
- Hum... tá...mas eu vou querer saber hein?
- Claro meu bem...grita junto comigo – os dois fecharam os olhos de novo e lançaram o dado no pequeno mapa.
- ALEA JACTA EST – gritaram juntos. O dado rolou pelo tabuleiro e os dois olharam intrigados para o ponto do mapa que serviria de destino. E foi inevitável não sorrir.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Está escrito...

"Palavras têm poder, sobretudo quando escritas" lhe disseram. Então, meio descrente, decidiu tirar a prova: escreveu num papel aquilo que mais desejava e passou a levá-lo consigo onde quer que fosse; olhando-o de tempos em tempos para lembrar a si mesmo da experiência. Os dias passaram, as semanas, os meses e - quase imperceptivelmante - as coisas se inclinaram favoravelmente à realização daquele desejo.Magia? Coincidência? Teria mesmo dado certo?
"Ora... Não que eu acredite nisso, mas se for mesmo essa a razão continuemos a escrever!" Então, confiante de que era o senhor de seu destino e tudo que nele pudesse acontecer, passou a escrever tudo que queria, tudo que sonhava, tudo; logo seu mundo - presente e futuro - estava todo nas páginas de um caderno, trancado a sete chaves numa caixa debaixo da cama. Quando o caderno acabou, enterrou-o numa noite de lua cheia, para que a terra acolhesse seus sonhos e, do barro, os trouxesse à vida. E assim continuou por anos, escrevendo seu proprio caminho com sonhos, esperanças e seus rituais de magia escrita.
Um dia, contudo, diante das novas responsabilidades e preocupações que o mundo lhe trazia, se esqueceu da magia... se esqueceu de acreditar e de escolher seu próprio caminho. Afinal quem acredita nisso hoje em dia? E continuou seguindo sua vida, agora sob as determinações do acaso e de quem lhe desse alguma ordem.
Muitos anos depois, no entanto, lembrou-se de seus velhos rituais e, entediado, resolveu ressucitá-los. Pegou um caderno, manipulou as probabilidades em suas páginas, o guardou e esperou...
Nada aconteceu.
O que mudou?
O que faltava?

quarta-feira, setembro 05, 2007




E finalmente as aulas começaram...


...começaram tarde
...começaram bagunçadas
...e começaram sob a ameaça de mais uma greve
mas ao menos começaram! ^^"


Pedro.

segunda-feira, setembro 03, 2007

Será que ainda sei escrever?
Será que ainda sei sonhar?
Será que ainda sei filmar?

Meus filmes ainda são idéias
Meus livros ainda são papeis em branco
Meus dedos ainda não tocam

Será que o será
Continuará não sendo?
Ou será que ainda é cedo?

Espero que sim.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Olá! Aos 5 leitores deste Blog me apresento. Meu nome é Alex Araújo. Conheço o Pedro desde 1998. Estudamos juntos... mas isso é coisa do passado. =P

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Putz! A vida passa de verdade.
Há pouco não sabia a real força do tempo.
Não que eu seja um idoso. Pelo contrário. Acho que a minha vida independente está apenas começando. Mas é que me olhando no espelho, o mesmo espelho de quinze anos atrás, senti que alguma coisa mudou. Não só fisicamente – algo bem notório, diga-se de passagem. Mudei de uma forma bem profunda. Esse tipo de mudança que você só se dá conta realmente quando pára... pensa... compara... e... putz! Quanta diferença!
Para alguns isso não é bom. Contudo, confesso que para mim não existe saudosismo de como era antes. A vida muda. E eu gosto de mudanças.
Agora, cá pra nós, eu adoro reencontrar os amigos do passado. Amigos que continuam amigos. Mesmo longe. Mesmo perto. Realmente não consigo imaginar a minha vida sem amigos. Por que são eles, os verdadeiros, que irão estar com você quando olhastes no espelho daqui a vinte, trinta, cinqüenta anos.
É... pelo jeito essa história de aniversário, reencontros com antigas amizades e espelhos antigos acabam mesmo mexendo conosco.
E eu gosto disso.

segunda-feira, agosto 13, 2007


- Oi!
- Ahn... oi?
- Não tá lembrado de mim?
(uma momentânea expressão de surpresa passa por seu rosto): Ah, oi!!! É você! Desculpa, mas... putz, há quanto tempo!
- Pois é.
- E como você está diferente! Emagreceu?
- Na verdade engordei, mas deixa pra lá!
- E o que você está fazendo da vida agora?
- Bom, tava fazendo direito na particular, mas tive que trancar o curso...
- Por quê?
- Ah, tava ficando caro demais e eu também vi que não é o que eu quero pra minha vida sabe?
- Sei, sei, entendo...
- Mas e você? O que está fazendo?
- Tô estudando pra um concurso!
- Nossa que bom! O da Polícia?
- Não, o do STPQP.
- Legal!
- E o pessoal? Têm visto alguém?
- Não muitos. A Tatiana virou minha vizinha.
- Sério?
- Sério.
- Irônico isso, né? Vocês viviam brigando na sala...
- Pois é, mas agora também não desgrudamos uma da outra. E ela tá diferente: Tá de namorado novo e já tão pensando em casar.
- Casar???
- É, também achei muito cedo, mas se eles são felizes assim, né?
- Né?
- E a Juliana? Vocês viviam grudadas...
- Ah, menino, não te conto!
- O que?
- A Juliana tava namorando outra menina, você acredita? Nunca achei que ela fosse sapata.
- Ah, normal...
- Mas agora ela largou a menina, renegou o passado e virou evangélica! Tá até estudando pra virar pastora.
- Wow... taí uma coisa que eu não esperava.
- Disse que finalmente ouviu a palavra de Deus... e aconselhou a ex a fazer o mesmo.
- Quanta empatia.
- Pois é...
- Pois é...
- Mas me fala de você, tá com alguém? Tá sozinho?
- Na mesma...
- Ah, fala sério vai!
- Sério, ainda estou sozinho!
- Ah, tá...
- Pois é... olha, é aqui que eu desço. Mas, ó, foi muito bom te ver de novo! Tava morrendo de saudades! Sempre gostei muito de você!
- Também gostei de te ver, foi bem legal!
- Não me esquece não, viu? Vamos marcar alguma coisa!
- Belê!
- Você tem o meu número?
- Acho que tenho aqui no celular...
- Tá bom. Beijo!
E desceu do ônibus para retomar sua vida, deixando pra trás um ex-colega de escola, poeira, velhas lembranças e a inevitável impressão de que esses encontros (e, consequentemente, as conversas) ocasionais e saudosistas servem apenas para um propósito: alimentar a velha competição escolar de quem se daria melhor na vida.
...e talvez uma ou outra massagem no ego também.

quarta-feira, julho 25, 2007


"Vocês sempre se agarram às velhas identidades, velhas faces e máscaras, mesmo depois que elas não servem mais. Mas, você tem que aprender a jogá-las fora um dia."
(Morte)Sandman #20, pág 19. Brainstore editora, 2002.
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E assim começamos uma nova fase na história do m4rci4nos (ou o fim dela, como preferir)! E, confesso, sinto um certo peso por abandonar o barco assim; tipo, eu pensava que o flog ainda duraria muito e - quiçá - um dia o Alex e o Hemanuel voltariam a postar lá comigo, mas daí mudaram o layout do site, colocaram mais propagandas e restringiram os comentários (então minha maior alegria naquela budega) apenas aos floggers... e eu ñ conheço muitos (pra falar a verdade pouquíssimos, mas permitam-me ser posudo um vez na vida, ok?). Fazer o quê, né? Ce´st la vie!
Mas isso já são águas passadas, estamos de casa nova e seja o que Deus quiser! Ainda estou pensando em coisas legais pra escrever aqui e em novos desenhos (talvez em, também, criar um desses "portfolios virtuais" como o flickr - é assim que escreve? sou tão bom com nomes... - ou o deviantart, mas isso ainda é apenas uma idéia), mas enquanto isso, continuamos aqui! Até mais!
Pedro.

segunda-feira, abril 16, 2007


Sim, eu sei que uma imagem sem narrativa fica estranha aqui, mas já que nem o Orkut, nem o Fotolog e nem o MSN (putaquepariu!!!) quiseram colaborar, eu tinha de postar meu 1º GIF animado em algum lugar! Aliás, se quiser vê-lo se mexer, clique na foto, ok?
(na próxima voltaremos à nossa programação normal) ^^"

terça-feira, março 27, 2007


Mais um sonho, mais um texto (tanto que começo a achar que sou mais produtivo enquanto durmo e que, talvez, fosse melhor eu viver dormindo acordando, ocasionalmente, pra baixar as ideias da minha mente... ai, ai, como seria bom)...

"O dia passa, o dia passa
Salas de reuniões vazias me esperam
Frases soltas dançam diante dos meus olhos
Ouço vozes de pessoas que nunca vi
O vermelho disputa, numa sala, com o amarelo
O dia passa, as horas correm
Nuvens correm num videoclipe frenético
Conversas on line fecham os carros no trânsito
Caminho só, nunca sozinho
Embalado por vozes que nunca ouvi
Salas povoadas por rostos estranhos
Enquanto escrevo uma canção que escorre da minha mente
Salas de reuniões vazias
Povoadas por rostos estranhos
Que cantam, com vozes desconhecidas, a minha música
Baixada da minha cabeça
Ecoando em salas e ruas vazias
E se repetindo
E vazando
Repetindo
Me embalando com o vento
Rostos desfocados
Repetir
Vazando da minha mente
Repetindo
Repetindo
Vazando... até eu acordar."
O mais estranho é que, durante o sonho, eu tinha consciência de que devia anotar tudo aquilo, mas tinha medo de que, ao acordar pra pegar papel e caneta, tudo acabasse... Pelo menos é mais uma idéia de desenho que eu arranjo! ^^"