segunda-feira, novembro 13, 2006

Certas situações são tão pitorescas, tão comicamente triviais (e, conseqüentemente, próprias de crônicas do Veríssimo, séries de TV ou dos quadrinhos do Pekar), que você nunca imagina que elas poderiam acontecer com você. Pois é... mas tenho uma notícia: esse tipo de coisa acontece contigo, o tempo todo! O único detalhe é que, por algum motivo (falta de grana, os trabalhos da faculdade, doença, falta de tesão, a panela no fogo, as crianças ou o final da novela), você nunca repara... Até dar de cara com elas em alguma mídia e perceber o quanto elas são interessantes.

Uma dessas situações é a da clássica “Me compra um absorvente?”. Ok, ok, para as mulheres isso não é nada importante afinal o que há de errado em se comprar para alguém o mesmo que você compra para si? Mas para os homens é uma situação de risco para um de seus bens mais estimados: a (dita) masculinidade.

- Meu filho?
- Oi mãe. Pode entrar, a porta tá aberta.
- Você pode ir na farmácia comprar uma coisa?
- Tá. O que é?
- Um absorvente pra sua irmã.
- ...
- Você pode ir?
- Por que ela não vai?
- Porque ela tá com uma espinha “enorme” na cara e tá com vergonha de sair na rua.
- Vergonha?
- É.
- Ela tem coragem de sair na rua com aquelas calças e agora tá com vergonha por causa de uma espinha???
- Você pode ir ou não???
- Tá bom, tá bom, me passa o dinheiro então.

Foi pra farmácia já imaginando toda a situação: o Felipe, conhecido nas redondezas por ser o “machão pegador”, o olhando desconfiado assim que chegasse ao caixa da farmácia com um gracioso pacotinho de Sempre Livre, tamanho médio (e COM ABAS, como foi devidamente enfatizado em casa) e a desculpa que daria (já que nem namorada tinha). Chegou e, fazendo força para parecer o mais normal possível, foi até a prateleira, pegou o pacotinho – maldito! -, foi até o caixa, pagou e foi embora com a sacolinha. Sobrevivera à experiência e ninguém dissera uma única palavra!

Voltou pra casa meio aliviado e, também, meio decepcionado já que não pôde usar a resposta que vinha ensaiando desde que saíra de casa para tal missão. Ficou revisando-a vezes e vezes:
- Boa tarde!
- Boa tarde.
(olhando pro pacotinho e, depois, pra ele) – É foda quando nos obrigam a comprar essas coisas, não?
- Pois é...
- É pra sua namorada?
- Pra falar a verdade... é pra mim mesmo! O que até que é um bom sinal já que (como você deve saber) significa que não estou grávido!
- ...
(alisando a barriga) – Tava com um medo de ficar buchudo...